segunda-feira, 9 de março de 2020

Março Mês da Mulher.

Ana Lúcia Martins
Presidente da Resplandecer
Março Mês da Mulher.

Ao longo de nossa historia fomos consideradas sem alma, objetos sexuais, objetos de troca e ganhos, ostentação de poder, escravas, procriadoras e sem direitos.
Esse rastro de pré-conceitos, rótulos e maus-tratos não estão tão longe de nossa realidade atual. 
Dizem que quando andamos com medo ao perceber algum homem andando atrás de nos é frescura.
Dizem que feminicídio é uma invenção das ativistas do FEMEN para chamar atenção.
Dizem ser frescura sentar na beira das vagas dos ônibus e procurar os primeiros acentos próximos ao motorista.  
Dizem que quando temos medo de sair a noite e evitamos lugares desertos e mau iluminados é modinha de pânico.
Sempre que uma mulher sofre algum tipo de abuso, as primeiras perguntas são: que horas, que roupas estava usando ou se estava sobre efeito de álcool ou drogas. Se estava se insinuando ou querendo chamar atenção dos homens.
Quando uma mulher sofre agressões e ameaças dentro de casa, julgam ser ela porca, preguiçosa, má mãe, leviana, agressiva, louca ou exagerada.
Quando uma mulher se divorcia é porque quer ter novas experiencias.
Não queremos ser tratadas como superiores a ninguém, apenas queremos ser tratadas como iguais e ter o mesmo direito de ir e vir, existir e exercer nossa cidadania com dignidade.
Para quem pensa que somos frescas e exageradas continuem lendo as estatísticas que deixo abaixo para sua reflexão.
População feminina mundial segundo ONU 49,6%
População feminina no Brasil 50,8%
Segundo a ONU 7 em cada 10 mulheres no mundo já foram ou serão violentadas.
87 mil só em 2017, 50 mil delas cerca de 58% morreram pelas mãos de seus maridos, ex ou parentes, 6 mulheres morrem a cada hora no mundo frutos de feminicídio, no Brasil 1 a cada duas horas, segundo a ONU.
54% são negras entre 18 e 30 anos.
O Brasil está no 5º lugar do ranking.
Terrível pensar que ainda hoje alguém morre ou é apedrejada, vendida, sofre mutilação genital, é explorada sexualmente ou é estuprada, só pelo fato de ter nascido mulher.
Mas se pararmos para pensar desde o período colonial, até o século 19 era lícito um homem casado justificar perante a lei que matou por amor ou paixão, em nome de sua honra e eram absorvidos.
Até o século 20, suas penas eram brandas, alegando crime passional.
Somente a partir de 2015 o Brasil alterou seu código penal e incluiu a lei 13.104, que tipifica feminicídio como homicídio da mulher em função de seu gênero.
Fruto de uma luta árdua. A socióloga Sul-Africana Diana E. H. em 1970, criou o termo feminicídio para diferenciar de homicídio e trazer visibilidade para uma estatística tão grande.
A Lei Maria Da Penha Lei 11.340/2006 veio para somar nesta luta
Mas o feminicídio é só a ponta desta teia de crimes, ou a ponta de Iceberg.
Segundo o fórum Brasileiro de segurança Pública 4,4 milhões de mulheres acima de 16 anos já sofreu algum tipo de agressão, calunia, difamação, injuria, violência sexual, contra sua vida, honra e reputação.
No Brasil temos 180 casos de estupros por dia.
Em são Gonçalo ocorre no mínimo 1 caso por dia em alguns meses esses número de ocorrência ainda é maior.
Segundo IBGE apenas 7,9% dos municípios Brasileiros tem uma DEAM, delegacia especializada de atendimento a mulher e para não sofrer constrangimentos estas deixam de procurar ajuda.
São Gonçalo está no 3º lugar em colocação de número de feminicídio, estatística do Instituto de Segurança Pública do Estado do Rio.
Em 2018 se registrou 229 casos de estupro, 1.160 de ameaças e 1.628 de agressão. Só em São Gonçalo!
Segundo ao Ministério da mulher, da família e direitos humanos no Brasil 24,24% destes casos se deram por líderes religiosos, estatística de 2018.
Segundo a ONU, precisamos urgentemente envolver os homens contra o feminicídio, hoje os homens são 50,8% da população mundial, mas todo homem nasceu de uma mulher, e nós mulheres permitimos a sexualização de tudo dentro de nossos lares e ajudamos na criação de homens machistas.
Os agressores desenvolvem sentimento de posse sobre as mulheres, controle do corpo, desejo, autonomia social e intelectual aumentando o risco de vulnerabilidade social feminina.

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